Sem dúvida que há uma grande relação de dependência entre a economia e a tecnologia. Desde o século XVIII, com a revolução industrial, que houveram grandes alterações na economia de cada país. O facto de se utilizar outros equipamentos e, naturalmente, mais sofisticados e eficazes, provoca mudanças positivas na economia do país, pois permite aos empresários, produzir mais, melhor, e em menos tempo, tornando assim o produto mais barato e com melhor qualidade. No entanto, nem tudo é positivo, a utilização excessiva e não controlada da tecnologia, poderá trazer à sociedade e ao ambiente envolvente desvantagens, entre elas a poluição.



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domingo, 1 de junho de 2008

Será que todos beneficiamos de igual forma com a globalização?

A nível mundial, a globalização é claramente benéfica para o desenvolvimento e o bem-estar das populações. E é assim, porque a globalização pressiona os governos a combater os desperdícios na utilização dos dinheiros públicos e favorece a eficiência na afectação dos recursos e o progresso tecnológico, porque alarga o campo de escolha dos indivíduos e promove o desenvolvimento dos mercados financeiros, o investimento e a valorização dos recursos humanos.

Associado ao actual período de globalização iniciado nos anos 50 está um aumento significativo da prosperidade global.

A grande questão que se levanta não é de saber se a globalização é ou não benéfica para o mundo como um todo, mas sim a da equidade na distribuição dos seus benefícios entre os países e entre os indivíduos. É aí que se põe a maior parte dos problemas éticos.

É evidente que os benefícios da globalização não chegam a todos os países e dentro de cada país os ganhos não acorrem igualmente a todos os indivíduos. Isto é, os benefícios distribuem-se de modo assimétrico.

Os países com melhor dotação de factores, principalmente em matéria de recursos humanos e tecnologias de informação e comunicação, que são afinal os países ricos, colhem mais facilmente os benefícios.

No entanto, não é verdadeira a afirmação de que os benefícios da globalização têm ocorrido apenas nos países industrializados.

A informação estatística disponível evidencia melhorias substanciais nos níveis de vida de países em vias de desenvolvimento.

A informação estatística disponível mostra que, nos últimos 20 anos, verificou-se um aumento das desigualdades entre países e, em geral, o mesmo aconteceu na distribuição do rendimento entre indivíduos dentro de cada país.

O rendimento per capita mundial aumentou, mas aumentou também a diferença entre os mais ricos e os mais pobres.

Embora um país como um todo tenda a ganhar com a globalização, há grupos da população que ganham e outros que perdem.

Tendem a ganhar os indivíduos com melhores qualificações. Em geral perdem aqueles que têm dificuldade em se adaptarem às mudanças tecnológicas e aqueles que trabalham em sectores que anteriormente gozavam de proteccionismo ou em sectores de procura pouco dinâmica. A ética da governação não permite que se ignorem os custos que se abatem sobre estes cidadãos.

Contudo, num mundo globalizado, a estratégia mais adequada para o combate às desigualdades e à exclusão social dentro de um país está na adopção de políticas públicas dirigidas à igualdade de oportunidades dos indivíduos, principalmente através da educação, da formação profissional, da saúde, da habitação e da segurança.

As pessoas com mais baixos níveis de educação e qualificações são aquelas com maior risco de caírem no desemprego e na exclusão social.

As mudanças tecnológicas e a revolução em matéria de informação e comunicação que caracteriza o actual fenómeno da globalização vieram aumentar ainda mais a relevância das políticas públicas dirigidas à educação e qualificação dos grupos mais pobres da sociedade. Várias medidas são importantes neste domínio: ensino básico e secundário gratuito; subsídios de educação orientados para as famílias de baixos rendimentos; programas contra o insucesso e abandono escolar; programas de integração das crianças da rua.

No mundo global a educação e a formação profissional ocupam uma posição chave na construção de uma sociedade mais justa.


Como os benefícios da globalização não se distribuem equitativamente entre os países, impõe-se uma política redistributiva à escala mundial, dos países mais ricos para os mais pobres.

Primeiro, por uma razão moral. Os habitantes dos países ricos não podem ignorar as condições de extrema pobreza e sofrimento em que vivem as pessoas de alguns países do mundo.

Mas para além da razão moral, há uma motivação racional. Os países ricos devem compreender que a solidariedade e a redistribuição do rendimento à escala mundial são benéficas para a sua própria segurança e prosperidade. Um mundo de grandes desigualdades de desenvolvimento entre os países, em que alguns se encontram em situação da mais profunda pobreza, é um mundo inseguro e instável. Não temos de nos surpreender que as pessoas dos países mais pobres procurem emigrar para os mais ricos, contribuindo aí para o agravamento de problemas como a droga e a criminalidade.

A dificuldade da política de redistribuição de rendimento dos países ricos para os países pobres está na inexistência de um governo mundial que a imponha.

Ter-se-á que confiar muito na cooperação internacional, na sensibilidade social dos líderes dos grandes países, na acção das organizações internacionais mais vocacionadas para a ajuda ao desenvolvimento.

A globalização e a difusão das tecnologias de informação e comunicação, ao reforçarem as interligações económicas e financeiras entre países e regiões, tornam mais necessária a cooperação entre os Estados e mesmo a coordenação internacional de políticas e não dispensa, como é óbvio, alguma regulação. Não só para impedir o agravamento das desigualdades, mas também para reduzir as possibilidades de ocorrência de crises financeiras com repercussões internacionais a que a crescente volatilidade dos mercados pode dar lugar.

Carmen Caeiro

1 comentário:

lindinha disse...

Muito bom, muito bom mesmo...
Me ajudou muito, além de ser um assunto bem interessante.

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